Um Blog de dois erres, para todos os errantes.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Muro de Concreto

Por: Roberto Casares



Essa tal liberdade abstrata que apregoam muitos, essa, a tal do "indivíduo, da mente...", a tal "profunda", inexiste para além da abstração. E o Reino de Além tem como antípoda o empírico, o pragmático.
Já naveguei pelas mais diversas visões(viciadas), já mirei nos mais diversos telescópios, e confesso que a maioria deles é de vista baça.

Hoje, para mim, liberdade é não estar materialmente agrilhoado, seja a "mocinhos" ou "bandidos". Tendo isso em vista percebo que liberdade é coisa rara sobre a crosta terrestre, restando, portanto, vários graus de liberdade.

Como não sou sociólogo, muito menos filósofo, e menos ainda escritor, informo-lhes, ainda que tardiamente, pois já se vai quase o texto todo, que tais escritos não passam de anotações decorrentes de olhadelas spbre a tal sociedade humana.

O que mais tem me chamado atenção nestas olhadelas é a forma eficaz como o estado conseguiu incutir abstrações falsificadoras na mente da massa, sobretudo na camada pobre. Uma das abstrações mais perigosas, além da já citada "liberdade", é a tal "sociedade", signo que para mim beira o asemantismo, mas que para a maioria da população invoca a ideia de um corpo social unido e coeso. Eu sinceramente não entendo como pode alguém que vive diariamente as agruras do subúrbio, por exemplo, deglutir tamanha balela. Sim, senhores e senhoras, eis outro fato que não consigo desmentir (sim, eu já tentei): a humanidade é dividida em grupos de interesses. Interesses que são em sua maioria antagônicos entre si. De tal ciência não decorre nenhuma esperança de cunho comunista ou outro "ista", pelo menos não no meu caso.

Amigos, tenho desconfiado seriamente na possibilidade de o mais profundo de mim mesmo serem as minhas tripas.

E aos que não suportam a realidade empírica, aos de estômago sensível a alimentos nus e crus, sempre há um Paulo Coelhozinho nas preteleiras das nossas vergonhosas bibliotecas. Aos apreciadores da mente inocente casta e simples, semrpe há um lugarzinho nas fileiras da Santa Madre Igreja.





No Som: John Coltrane - Moments Notice

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Eu também vou reclamar!


Por Rosa Estrada


Eu fico puta quando vejo esse pessoal da classe média se vitimizando, se colocando como os cristos da sociedade brasileira, alardeando que carregam o país nas costas, porque, segundo eles, os ricos não pagam impostos porque são safados e, os pobres, porque não têm dinheiro. Ora, eu sou pobre e pago mais impostos do que respiro. Os tributos estão incluídos no R$ 1,00 de pão de vento que compro todos os dias para tapar o buraco da barriga nas minhas manhãs. Eles estão no preço absurdo da passagem do ônibus no qual vou todos os dias apertada e sacolejada para a faculdade. Estão no R$ 1,20 da autenticação da xerox de cada lado do documento que tive que fazer para me inscrever num concurso. Enfim, os impostos estão por toda a parte e não há como fugir deles, a não ser que alguém tenha a coragem de fazer como Thoreau e se refugiar à beira de um lago, retirando-se do convívio social.

Queria eu ser classe média. Preferiria trocar os meus dramas pelos deles. Mas, como não posso, continuo me desvencilhando das balas perdidas, dos bandidos, dos olhos dos big brothers de plantão. Prossigo na minha rotina de ônibus lotados, nos quais perco quatro horas de minha vida diariamente incluindo a ida e a volta, sempre temendo os assaltos, as brigas e os acidentes; convivendo com o medo de ter a casa arrombada, sem um tostão para comprar um livro, para bancar meus estudos, sem saber se vou chegar em casa depois de um dia inteiro de estudos e trampo e encontrar uma ração no fogão para comer.
Fazer o quê? Como diz o Emerson, Lake & Palmer, c'est la vie!